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Bolivianos começam a votar neste domingo para escolha de novo presidente em disputa entre dois candidatos de direita

19/10/2025 13:02 O Globo — Rio

Os bolivianos começaram a votar neste domingo para escolher seu próximo presidente num segundo turno entre dois candidatos de direita, em meio a uma grave crise econômica após 20 anos ininterruptos de governos socialistas. Mais de 7,9 milhões de cidadãos decidirão entre o ex-presidente Jorge Quiroga (2001-2002), engenheiro de 65 anos, e o senador Rodrigo Paz, economista de 58. Ambos os candidatos apresentaram promessas distintas para reverter a maior recessão enfrentada pelo país em quatro décadas.
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— É um dia em que todos temos o instrumento mais poderoso em nossas mãos: o voto. Com o voto, temos a oportunidade de pôr fim a 20 anos, duas décadas de destruição, que deixaram a economia em uma crise profunda. Temos que abrir um futuro diferente. A mudança está chegando com esperança — disse Quiroga, cercado por seus apoiadores, ao deixar sua seção eleitoral na zona sul de La Paz.
Quiroga votou acompanhado de seu candidato a vice-presidente, o empresário Juan Pablo Velasco, em uma instituição educacional em La Paz.
O ex-presidente da Bolívia e candidato presidencial pela aliança Liberdade e Democracia (Libre), Jorge "Tuto" Quiroga, mostra seu recibo de votação após votar durante o segundo turno da eleição presidencial em La Paz, Bolívia
MARTIN BERNETTI / AFP
— Este é um momento de mudança, de renovação, e acredito que neste ano bicentenário, o país está encerrando 200 anos de um ciclo e iniciando um novo (...). Se o povo da Bolívia me der a oportunidade de ser presidente (...), minha abordagem será chegar a um consenso, concordar, fazer as coisas avançarem — disse Paz a repórteres neste domingo, acompanhado de seu pai de 86 anos, em uma seção eleitoral na cidade de Tarija, no sul do país.
Paz também anunciou que apoiará seu rival caso ele não seja eleito no segundo turno.
— Todos nós temos que ajudar a governar. Seja eu ou outro candidato que vença, todos os bolivianos têm que ajudar uns aos outros a seguir em frente — disse ele.
O candidato presidencial da Bolívia pelo Partido Democrata Cristão (PDC), Rodrigo Paz, gesticula ao sair após votar no segundo turno da eleição presidencial em Tarija, Bolívia
AIZAR RALDES / AFP
Os locais de votação abriram as portas às 8h (no horário local, 9h de Brasília) e a eleição deve terminar a partir das 16h, segundo o Tribunal Supremo Eleitoral, que prevê a divulgação dos primeiros resultados por volta de 20h.
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Crise profunda
A produção boliviana registrou contração de 2,4% no primeiro semestre de 2025, segundo dados oficiais. O Banco Mundial projeta que isso deve durar pelo menos por mais dois anos. As longas filas para abastecimento de combustíveis viraram parte da paisagem do país de 11,3 milhões de habitantes. E a inflação atingiu 23% em termos anuais em setembro.
Contexto: Escassez de combustíveis afeta distribuição de material para segundo turno na Bolívia
— Queremos exortar os dois candidatos (…) que respeitem absolutamente o resultado destas eleições, seja qual for — disse à imprensa o presidente Luis Arce, que deixará o poder em 8 de novembro.
O governo Arce esgotou quase todos os dólares de suas reservas para sustentar uma política de importação de combustíveis, que são vendidos com prejuízo no mercado interno.
— Se o vencedor da eleição não adotar medidas que apoiem o setor mais vulnerável, isso pode resultar em uma 'explosão' social — analisou Daniela Osorio Michel, cientista política do Instituto Alemão de Estudos Globais e Regionais (Giga).
Governabilidade como desafio
Paz terá a maior bancada do Parlamento, depois de conquistar, de maneira surpreendente, a maior votação no primeiro turno. Uma semana antes da eleição, as pesquisas o apontavam entre o terceiro e o quinto lugar. A segunda bancada mais numerosa será a de Quiroga.
— Contudo, nenhum dos dois terá maioria (…) será necessário obter acordos para aplicar suas medidas — disse à AFP a socióloga María Teresa Zegada.
Quiroga, conhecido como "Tuto", promete um "plano de resgate" para injetar US$ 12 bilhões (R$ 64 bilhões) na economia com empréstimos internacionais. Uma de suas principais promessas de campanha é regularizar abastecimento interno de combustíveis e o retorno das divisas ao sistema financeiro para devolvê-las aos poupadores, antes mesmo do Natal.
Já Paz, senador de centro-direita e filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989-1993), propõe uma forte descentralização e um "capitalismo para todos": um programa de formalização do trabalho, com redução de impostos e eliminação de barreiras burocráticas.
Ele afirmou, por sua vez, que não solicitará créditos até reestruturar as finanças internas.
Os dois concordam que é necessário aplicar cortes consideráveis nos gastos públicos, em particular no subsídio aos combustíveis, o que os especialistas afirmam que aprofundará a crise

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