EUA reativam base militar e adaptam aeroportos no Caribe em meio a operações contra o narcotráfico e tensões com a Venezuela
Ao longo de duas décadas, a base militar americana de Roosevelt Roads, em Porto Rico, ficou coberta por mato e ferrugem. Outrora maior estrutura dos EUA no exterior, com área de 3.500 hectares, a base estava desativada desde 2004 — até voltar a servir de ponto de apoio para alguns dos aviões de guerra mais modernos do mundo. A reativação da base, em meio à escalada militar de Washington no Caribe, é apontada por fontes americanas como parte dos preparativos para uma possível ação direta contra a Venezuela.
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À medida que o governo do presidente Donald Trump expande sua ofensiva contra cartéis de drogas latino-americanos, que recentemente foram equiparados a organizações terroristas por Washington, pequenas ilhas no Caribe estão sendo usadas para apoio logístico — tornando nações vulneráveis economicamente em pontos de apoio para as ações americanas. Em nenhum lugar a tensão é mais evidente do que em Porto Rico, onde se acredita que esteja posicionada a maior parte dos 10 mil militares atualmente destacados.
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O maior exemplo é Roosevelt Roads — base construída em 1940 a mando de Franklin Roosevelt, para ser "a Pearl Harbor do hemisfério". O local, desativado de seu uso militar em 2004 em meio a protestos pelas atividades americanas, voltou a ser utilizado ativamente em setembro, como ponto de partida para caças furtivos F-35B, aeronaves de transporte de tropas Osprey e aviões de carga C-17 Globemaster III.
Em uma análise a partir de imagens de satélite, a agência de notícias Reuters constatou que melhorias foram realizadas na instalação, desde que os EUA voltaram a enviar meios militares. As conclusões do relatório apontam que houve uma modernização das pistas de taxiamento, o que poderia permitir o uso tanto por caças quanto por aviões de carga, condizente com um preparativo para aumento no número de pousos e decolagens.
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Miguel J. Rodriguez Carrillo / AFP
As imagens analisadas pela Reuters também indicaram que houve a instalação de equipamentos portáteis de apoio ao tráfego aéreo e outros equipamentos móveis de segurança, além de identificar ao menos 20 novas tendas instaladas a sudeste da pista, perto de um hangar de aeronaves antigo.
— Se o foco agora é o Hemisfério Ocidental, faz todo o sentido reabrir o que antes era uma enorme base e garantir que ela possa acomodar a variedade de aeronaves que as Forças Armadas dos EUA utilizam — disse Christopher Hernandez-Roy, pesquisador sênior do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), em entrevista à agência britânica.
Novas instalações
A antiga base em Porto Rico não é a única aposta americana para reforçar sua presença física em infraestrutura na região. Imagens de satélite também indicam a construção de instalações em aeroportos civis em Porto Rico e em St. Croix, nas Ilhas Virgens. Enquanto isso, forças americanas continuam a se apoiar logisticamente em pequenas nações, como Granada e Trinidad e Tobago, onde aportou recentemente o contratorpedeiro USS Gravely, equipado com mísseis Tomahawk, a pouco quilômetros do litoral da Venezuela, no que foi considerado por Caracas como uma provocação e um ato hostil.
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Oficiais militares americanos e especialistas ouvidos pela Reuters afirmaram que as construções mais novas indicam preparativos que podem permitir que as Forças Armadas americanas realizem missões dentro da Venezuela. No fim da semana passada, fontes citadas pelos jornais Miami Herald e Wall Street Journal afirmaram que a Casa Branca teria definido alvos militares a serem atacados no país da América do Sul, com a publicação da Flórida afirmando que a autorização já teria sido confirmada.
Em St. Croix, as imagens de satélite mostraram construções no aeroporto Henry E. Rohlsen, ampliando o pátio de manobras, enquanto registros em solo indicaram a instalação de um novo sistema de radar. No aeroporto Rafael Hernandez, o segundo aeroporto civil mais movimentado de Porto Rico, a análise mostra a instalação de equipamentos de comunicação e uma torre de controle de tráfego aéreo móvel — normalmente usada para coordenar um grande número de aeronaves em zonas de guerra ou após desastres. Um depósito de munições também foi construído no aeroporto.
Meios militares
Apesar de toda a mobilização de meios militares e de declarações anteriores, indicando o emprego da CIA em missões encobertas e o desejo de ações terrestres, o governo americano rejeita a iminência de uma guerra direta. Em uma entrevista no domingo para a CBS, Trump voltou a dizer que não atacaria Caracas. Disse, porém, que os dias do ditador Nicolás Maduro estavam conta
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