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'Fez sinal que iria cortar a língua dela', diz mãe de jovem surda ameaçada e assediada por motorista escolar no interior de SP

18/10/2025 05:01 G1 — Brasil

Menina surda era assediada e ameaçada por motorista escolar, diz mãe
Vítimas do motorista preso por suspeita de assediar alunas no transporte escolar de Colina (SP) também eram ameaçadas por ele, segundo familiares relataram à EPTV, afiliada da TV Globo.
Sem se identificar, a mãe de uma aluna surda e muda afirma que José Antonio Mamprim, conhecido como "Careca", de 68 anos, fazia ameaças para que a menina não denunciasse os abusos.
"Ela não escuta, mas ela fez sinal com o dedo. Se ela falasse, ele iria cortar a língua dela. Ameaçou muito ela, acho que foi por isso que ela teve medo de me contar", disse.
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A mulher cita que o assédio contra a filha começou ainda em 2016, quando ela procurou a prefeitura e registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil. No entanto, ressalta que as investigações nunca tiveram desfecho e que a prática veio à tona só agora, após denúncias de outras vítimas.
"À época, eu fui no barracão da prefeitura e avisei que ele não iria mais pegar ela, porque ele estava sendo investigado por estupro, falei bem alto, aí eles tiraram, e na Apae [Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais] eu queria ela bem longe dele, mas lá na Apae não sei como era, porque à época ela falava que via ele. O trauma foi grande, a prefeitura estava ciente."
"Eu falava: 'gente, como que esse homem está levando criança ainda, como? Não tem lógica'. Não caía [a ficha] em mim que ele estava levando mais criança."
Procurada, a prefeitura informou que não tinha conhecimento dessa denúncia de 2016. Já a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) afirmou, em nota, que a primeira ocorrência está sendo investigada no mesmo inquérito instaurado para a prisão do suspeito. A reportagem não conseguiu falar com a defesa do suspeito até a publicação desta reportagem.
Mãe relata assédio de motorista escolar contra filha surda
Reprodução/EPTV
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Hematoma no seio e trauma
A mãe lembra que começou a desconfiar da situação quando viu um hematoma no seio da menina. Segundo a mulher, laudos atestaram os abusos à época.
"Ela foi direto para o banheiro tomar banho, e minha filha caçula viu o hematoma grande no seio dela, tipo uma mordida, uma chupada. Levei ela para o pronto-socorro de Colina, e lá foi dado que foi abuso, foi tentativa de abuso. E lavrei um boletim de ocorrência."
Como moravam perto, a família e o motorista costumavam se encontrar, e o homem fazia brincadeiras com a menina. Porém, depois dos abusos, a vítima passou a ter medo do suspeito, destaca a mãe.
"Ele sempre brincava com a minha menina e quando aconteceu ela corria dele, ela tinha medo, ela esquivava, eu percebia aí que aí tinha alguma coisa errada, onde que veio acontecer tudo."
Por fim, a mulher diz que a criança convive com o trauma até hoje e que precisa tomar remédios regularmente.
"Por ela não saber se explicar ou se expressar por ser deficiente auditiva e não falar, ela chora, qualquer coisinha ela está chorando, qualquer coisinha ela está agitada, então medicamento, agora ela vive através de medicamento, porque mexeu com a estrutura dela", complementa.
Van escolar em Colina (SP), onde motorista foi preso por suspeita de abusar de adolescentes
Reprodução/EPTV
Como o suspeito agia
Desde que passou a ser investigado, Mamprim foi alvo de pelo menos seis queixas na Polícia Civil, segundo o delegado Guilherme Carvalho de Oliveira.
De acordo com o chefe das investigações, as denúncias indicam que os abusos ocorriam geralmente com as adolescentes que eram deixadas por último no veículo e ficavam sozinhas com o motorista antes de serem deixadas em casa, na zona rural.
"A gente conseguiu esclarecer através de depoimentos das pessoas ouvidas que ele era mais desinibido com todas as crianças, chegava a falar sobre atos libidinosos em geral, mas cometer os abusos mesmo ele tomava o cuidado de selecionar uma ou outra criança para deixar por último. E aí, chegando próximo a uma fazenda que ele deixaria essa criança, ele estacionava o veículo e praticava diversos tipos de abusos", afirma Oliveira.
Mamprim está preso temporariamente por 30 dias na cadeia de Colina e responde por estupro de vulnerável.
Em nota, a Prefeitura de Colina informou que o motorista prestava serviços ao município por meio de uma empresa terceirizada.
Motorista do transporte escolar de Colina, SP, é suspeito de assédio contra estudantes adolescentes
Divulgação
Assédio no transporte escolar
O motorista está preso desde o dia 9, quando a Justiça expediu um mandado de prisão solicitado pela polícia, inicialmente com base em denúncias de duas adolescentes e em argumentos de que, em liberdade, poderia dificultar as investigações ou mesmo colocar mais e

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