 
                Investigação mostra major da PM pedindo ajuda de traficante da Penha para recuperar carro roubado
            A partir da quebra do sigilo telefônico de Washington César Braga da Silva, conhecido como Grandão e apelidado de “síndico da Penha”, a polícia teve acesso a uma mensagem em que um major da Polícia Militar pede ajuda para recuperar um carro roubado. A conversa consta em uma troca de mensagens reproduzida no relatório da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), que embasou a megaoperação realizada na última terça-feira, deixando 121 mortos.
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Na mensagem obtida pelos investigadores, o major Ulisses Estevam envia a foto de um carro para o traficante e informa que está no Morro da Fé, na Penha. “Preciso recuperar. Carro do 01. Esse eu tenho que resolver”, escreveu o oficial.
Conversa em que major da PM pede ajuda para recuperar carro
Reprodução
O policial militar segue ativo na corporação, no cargo de major. Um documento interno obtido pelo GLOBO mostra que, no início de outubro deste ano, ele estava alocado como gestor estratégico na 5ª UPP/23º BPM, responsável pela área da Rocinha. O salário do último mês somou R$ 26.667,24.
De acordo com a polícia, logo após o pedido, Grandão adicionou os administradores de um grupo chamado “CPX da Penha”, solicitando que eles localizassem o veículo. O carro havia sido roubado em 26 de abril do ano passado e foi recuperado três dias depois, em 29 de abril.
A PM ainda não se pronunciou sobre o caso.
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'Arrego para PMs'
Na mesma investigação, Grandão foi apontado como o criminoso encarregado de negociar com policiais militares das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) o pagamento do chamado “arrego”. O objetivo seria reduzir a fiscalização e a repressão ao tráfico de drogas.
De acordo com o inquérito, Grandão, além de pagar propina a policiais das UPPs, coordenava os soldados do tráfico nas ruas, sendo o responsável por montar as escalas de plantão. Ele também administrava os eventos da Penha, como os bailes funks. Segundo os investigadores, Grandão mantinha até um telefone exclusivo para se comunicar com policiais militares que recolhiam a propina.
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Constam também na investigação diversas fotos de anotações que mostram a contabilidade do tráfico. Em uma das imagens, obtida a partir da quebra do sigilo telefônico de um homem apontado como gerente do tráfico do Alemão, há uma lista de gastos que soma R$ 39 mil. O “arrego” aparece como o segundo item da relação, com valor de R$ 4,5 mil.
Contabilidade de um gerente do tráfico do Alemão
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