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Moradores relatam abandono de centenas de animais após desapropriação na Grande SP; prefeituras negam maus-tratos

16/10/2025 05:00 G1 — Brasil

Animais são resgatados sob escombros após desapropriação em comunidade em SP
Moradores de uma comunidade no limite das cidades de Carapicuíba e Barueri, na Grande São Paulo, afirmam que as prefeituras abandonaram mais de 300 animais entre escombros de uma desapropriação ocorrida na última terça-feira (7).
Protetores de animais independentes afirmam que o poder público não garantiu a retirada segura dos bichos antes do início das demolições.
Os municípios negam. "Os animais encontrados foram recolhidos pelas Prefeituras de Carapicuíba e Barueri, que têm acompanhado todo o processo de forma integrada e transparente. É importante destacar que a maior parte da área pertence ao município de Barueri", diz a gestão municipal de Carapicuíba (leia a íntegra mais abaixo).
Ainda segundo o comunicado, "mesmo após a desocupação total da área, a equipe da Vigilância em Zoonoses permanece realizando vistorias diárias na região, em busca de novos animais que precisem de resgate e cuidados".
A comunidade Porto de Areia existe há mais de 20 anos e é alvo de desapropriação desde 2015. Parte da área pertence a Carapicuíba e outra parte, a Barueri. Os moradores afirmam não ter sido informados claramente sobre o destino do terreno.
“Falam que vai virar Ceasa, outros dizem que será um condomínio. O fato é que em todas às vezes o cenário é o mesmo: as famílias são removidas sem estrutura, e os animais são deixados para trás”, afirma Andreia Leitte, atriz e protetora, moradora de Carapicuíba.
A gestão de Carapicuíba afirma que a desapropriação foi necessária porque a área é "considerada de risco devido à contaminação do solo e à recorrência de alagamentos".
Já a Prefeitura de Barueri afirma ter realizado oito vistorias entre setembro e outubro, mas que "em nenhum momento foram identificados animais mortos ou acionamento do CEPAD [Centro de Proteção ao Animal Doméstico] para resgate".
Além disso, o município também disse que "em todas as vistorias realizadas ao longo do processo de desocupação, os moradores foram informados para levarem os seus animais de estimação. Quando foram encontrados, os tutores foram notificados" (leia a íntegra mais abaixo).
Resgates
Andreia é uma das integrantes do projeto Mate Minha Fome, mantido por ela e outros voluntários, sem apoio governamental, que arrecada ração e promove o resgate e a adoção de animais abandonados.
“Desde 2015 essa história se repete. A gente resgatou mais de 600 animais naquela época, e agora, de novo, estão destruindo as casas sem se preocupar com os bichos. A prefeitura simplesmente manda passar as máquinas, e os animais têm que correr para sobreviver”, contou.
Ela também afirma que, desde agosto, quando a terceira fase da desapropriação começou, o grupo tem atuado diariamente no terreno da comunidade Porto de Areia (veja vídeo acima).
“São gatos, cachorros, porcos, cabritos... já perdemos a conta. Mais de 300 animais foram salvos, mas muitos ainda estão entre os escombros”, relata.
Ainda de acordo com Andreia, as equipes de proteção animal tentaram interromper as demolições até que todos os animais fossem retirados, mas não foram ouvidas. Ela afirma ainda que, após as denúncias ganharem repercussão nas redes sociais, os voluntários receberam notificações da prefeitura por mensagem no Instagram, pedindo a retirada das publicações.
“A gente ficou chocada. A prefeitura quis que a gente apagasse os vídeos mostrando os animais abandonados. Disseram que iam nos processar se não tirássemos do ar”, afirma.
Prefeitura de Carapicuíba envia notificações à protetores que chamaram atenção para o descaso com os animais após desapropriação em comunidade, na Grande São Paulo.
Redes Sociais
Os voluntários relatam ter encontrado animais feridos, filhotes presos nos escombros e até casos de violência. “Teve animal esfaqueado na nossa frente. É desesperador. Encontramos uma gata com filhotes dentro de um buraco, no meio dos destroços”, conta Andreia.
Entre as pessoas que atuam no resgate, está Cindy, moradora da cidade e conhecida por abrigar dezenas de gatos em casa. Segundo Andreia, ela cuida de mais de 120 animais resgatados da desapropriação, com poucos recursos.
“Ela não é acumuladora. Cuida, trata e doa os bichos. Só que agora está sobrecarregada, sem espaço e sem ajuda. Precisamos tirar pelo menos 50 animais da casa dela e levá-los para abrigos”, explica.
Sem apoio e alvo de ameaças
Cinco advogados ligados à causa animal passaram a representar os voluntários. “O que a gente quer é simples: que a prefeitura pare as máquinas enquanto ainda tem bicho lá e que dê transparência ao destino dos animais recolhidos. Hoje, ninguém sabe para onde eles vão”, diz Andreia.
A prefeitura afirmou, em nota, que não há máquinas atuando no local.
Andreia e outros protetores pedem doações de ração e ajuda financeira para o transporte dos animais resgatados, que estão sendo levados para lares temporários e abrigos de cidades vizinhas.
“Tem animal indo para Mogi Mirim, Vila Prudente... a gente paga do própr

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