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Após mais de 50 dias de internação, jovem morre por intoxicação por metanol em Osasco (SP)

23/10/2025 17:38 O Globo — Rio

Após mais de cinquenta dias internado por intoxicação de metanol, Rafael Anjos Martins, de 28 anos, morreu nesta quinta-feira (23) em Osasco, na região metropolitana de São Paulo. O jovem estava hospitalizado desde 1º de setembro, após consumir gin adulterado com o solvente. Ele é a oitava vítima fatal de intoxicação confirmada no estado. Segundo o G1, o laudo médico apontou 155 mg/l de metanol no corpo do jovem. A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o caso.
De acordo com o Boletim de Ocorrência, Rafael participava de uma festa com amigos na região da Cidade Dutra, na zona sul, no final de agosto. Ele teria passado mal após ingerir um gin comprado em um estabelecimento chamado Adega Santos, na madrugada de 31 de agosto.
Embora os amigos também tenham relatado desconfortos, o quadro de Rafael foi o mais grave. Na manhã seguinte, ele apresentou vômitos e dores abdominais. Durante a madrugada do dia 1º de setembro, o estado de saúde piorou e ele foi levado ao Hospital Geral de Guarulhos (HGG). “A vítima começou a gritar que estava cega e foi levada ao hospital pelo pai, acompanhado da mãe”, descreve o boletim.
— Ele teve perda de visão e comprometimento das funções dos rins e do fígado — afirmou o delegado Carlos Alberto Achoa Mezher, titular do 48º DP (Dutra).
A perícia esteve na Adega Santos, onde Rafael teria comprado garrafas de gin consumidas na festa. No local, foram apreendidas bebidas fechadas e abertas para análise. O delegado informou que o dono do estabelecimento, identificado como Paulo Roberto Marques Gabriel, colaborou com a investigação e entregou o material solicitado.
Entre as outras vítimas fatais confirmadas no Estado estão o empresário Ricardo Lopes Mira, de 54 anos; Marcos Antônio Jorge Júnior, de 46; o advogado Marcelo Lombardi, de 45; Bruna Araújo, de 30; Leonardo Anderson, de 37; Daniel Antonio Francisco Ferreira, de 23 e Cleiton da Silva Conrado, de 25 anos.
Também confirmada nesta quarta-feira, a morte de Cleiton aconteceu no dia 23 de setembro, mas laudos periciais só ficaram prontos hoje. A companheira dele, Jhenifer Carolina dos Santos Gomes, também foi encontrada desacordada e levada ao hospital, onde acabou morrendo. Laudos devem confirmar se ela também faleceu pelo consumo de bebidas adulteradas.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, já são 42 casos confirmados de intoxicação por metanol em São Paulo. Outros 18 casos seguem sob investigação, incluindo uma morte em Piracicaba. Ao todo, 423 suspeitas foram descartadas.
A maioria das mortes ocorreu em São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista. A principal suspeita da Polícia Civil é que uma fábrica clandestina instalada em um imóvel ligado a Vanessa Maria da Silva, presa no início de outubro, tenha produzido os destilados vendidos em grande parte dos locais associados à onda de intoxicações.
Ao menos duas mortes — as de Ricardo Lopes Mira e Marcos Antônio Jorge Júnior — e três bares foram diretamente relacionados à fábrica, segundo os investigadores.
“A principal hipótese é que a fábrica da Vanessa distribuiu para a maioria dos lugares. Temos o apontamento de três casos oriundos de bebidas que saíram da fábrica da Vanessa. Temos mais quatro casos suspeitos, alguns em São Bernardo, em Osasco”, afirmou o delegado-geral de São Paulo, Artur Dian, durante coletiva realizada na semana passada.
Ainda de acordo com o delegado, a polícia apura se outros casos de intoxicação também têm relação com a fábrica clandestina. A investigação trabalha com a hipótese de que as bebidas adulteradas tenham sido produzidas com etanol ‘batizado’, adquirido em postos de combustível.

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