'Deixei ele fazer o gol': irmãos de comunidade na Praça Seca contam como foi viver dia histórico ao jogar bola com príncipe William no Maracanã
O príncipe William pode até ter levado a melhor na cobrança de pênalti, mas quem saiu com a sensação de vitória foram os irmãos Pedro Henrique, de 14 anos, e Daniel Pierre, de 10, moradores da comunidade Bateau Mouche, na Praça Seca, Zona Sudoeste do Rio, que fazem parte do projeto Cultura Urbana. Pela primeira vez no gramado do Maracanã, eles participaram nesta segunda-feira (3) de uma partida de futebol ao lado do herdeiro do trono britânico — e fizeram bonito.
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O encontro aconteceu durante uma ação do projeto “Gols pela Terra”, que integra a campanha nacional “Terra”, voltada à conscientização ambiental por meio do futebol. A iniciativa reúne clubes, governos e organizações sociais para discutir como o esporte pode influenciar atitudes sustentáveis entre torcedores e comunidades. No campo, o príncipe interagiu com crianças de projetos como Cultura Urbana, Onda Solidária, Instituto Karamba e Vilas Olímpicas da Prefeitura do Rio, participando de atividades socioambientais e, claro, de uma animada pelada. No gramado, jovens de diferentes comunidades como Morro dos Macacos, Bateau Mouche, na Zona Norte do Rio, e Anaia Pequeno, em São Gonçalo, na Região Metropolitana.
Daniel Pierre e Pedro Henrique: irmãos da Praça Seca jogaram bola com o príncipe William no Maracanã
Jéssica Marques/ O GLOBO
Entre risadas e aplausos, Daniel, o caçula, foi quem teve a missão de bater o pênalti contra o irmão, que estava no gol.
— Fui escolhido para vir para cá. Quando me contaram que ia jogar no Maracanã, fiquei muito feliz. Ainda mais com o príncipe! — contou Daniel, flamenguista apaixonado e fã de Arrascaeta comentou sobre a aparência do herdeiro: — Achei ele simpático. Na foto que mostraram para gente, ele tava com menos cabelo, mas pessoalmente tinha um pouco mais — brincou o menino, arrancando risadas dos colegas.
Daniel Pierre, de 10 anos, marca pênalti ao jogar com príncipe William no Maracanã
Guito Moreto/ O GLOBO
O irmão mais velho, Pedro Henrique, ficou sob as traves e viu de perto o chute certeiro do príncipe.
— Eu deixei ele fazer o gol, vai. Brincadeira à parte, foi uma sensação incrível jogar com o príncipe no Maracanã. Primeira vez que entro no campo do estádio e logo nessa situação... Ele chutou forte, não deu para agarrar. Mas até que jogou bem, tá no caminho certo — disse o adolescente, ainda empolgado.
Moradores da Praça Seca, os irmãos participam de atividades esportivas nos polos da Vila Olímpica do Tanque e da própria comunidade através do projeto Cultura Urbana. Pedro começou a jogar bola aos 9 anos e já treina em diferentes escolinhas da região. Daniel, mais novo, começou por influência do irmão.
Príncipe William visita o Maracanã e joga bola com crianças de diferentes comunidades
Guito Moreto/ O GLOBO
— Não é porque o mundo está sofrendo as consequências de um clima instável que a gente tem que parar de acreditar em dias melhores. Tem que persistir até conseguir o que quer, seguir os sonhos — afirmou Pedro, ao ser perguntado sobre o contraste entre a rotina na comunidade e o momento de paz e alegria vivido no estádio.
A educadora voluntária Karina Monteiro, de 33 anos, da ONG Onda Solidária, acompanhou os meninos e destacou a importância do esporte como ferramenta de transformação.
Príncipe William visita o Maracanã e joga bola com crianças de diferentes comunidades
Guito Moreto/ O GLOBO
— O futebol abre portas e cria pontes. Hoje, essas crianças puderam mostrar que a periferia tem potência, talento e esperança — disse.
Ao fim do evento, William cumprimentou as crianças e celebrou os gols — o dele e o de uma das meninas participantes. Com o Maracanã tomado por risadas e sotaques diversos, a bola uniu príncipes e meninos da favela em torno da mesma paixão: o futebol.
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