'Efeito Obama' impulsiona campanha do favorito Mamdani à prefeitura de Nova York

Zohran Mamdani, o socialista, muçulmano e tiktoker favorito à prefeitura de Nova York
Não é à toa que a campanha de Zohran Mamdani para a Prefeitura de Nova York lembra tanto a de Barack Obama, em 2008, à Presidência dos EUA. A ascensão meteórica de dois políticos democratas novatos, mas extremamente carismáticos, que mobilizaram exércitos de jovens voluntários, é apenas um dos elos que os une.
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Mamdani, que se autoproclama socialista e pertence à ala à esquerda do partido, é o grande favorito, com uma diferença de dois dígitos, para vencer a eleição desta terça-feira em Nova York, à qual concorrem também o ex-governador democrata Andrew Cuomo, agora candidato independente, e o republicano Curtis Sliwa, fundador da organização Anjos da Guarda.
Nascido em Uganda aos 34 anos, se for eleito, ele será o mais jovem prefeito da maior cidade americana e o primeiro muçulmano e de origem asiática — filho de pais indianos. Assim como Obama, que se tornou o primeiro presidente negro do país, Mamdani terá superado resistências aparentemente incontornáveis, como os fantasmas da islamofobia, do antissemitismo e do socialismo para alcançar a capital do capitalismo.
Zohran Mamdani, durante evento de campanha à prefeitura de Nova York, em 31 de outubro de 2025
Spencer Platt/Getty Images North America/Getty Images via AFP
Incluem-se nesse rol adversidades, as objeções que ele enfrenta dentro do próprio partido. A ala moderada se mantém distante e prefere aliar-se, assim como os republicanos, ao veterano Cuomo.
Como líder influente de um partido à deriva desde a derrota nas eleições presidenciais, Obama não abraçou a campanha de Mamdani, mas se fez presente por meio de uma ligação telefônica de 30 minutos ao candidato, no sábado passado. "Foi impressionante acompanhar sua campanha", teria dito o ex-presidente, que se ofereceu para, no futuro, atuar como uma espécie de conselheiro.
Obama tinha telefonado para Mamdani em julho, quando ele derrotou o veterano Cuomo nas primárias do partido, numa reviravolta política surpreendente. No entender de Patrick Gaspard, que assessora o candidato e atuou como diretor político na campanha de Obama à Casa Branca em 2008, a repercussão desta primeira ligação entre empresários e os eleitores ajudou a consolidar a credibilidade de Mamdani.
As comparações entre as duas campanhas com promessas de mudanças catalisam as atenções de analistas políticos. A conexão com eleitores jovens é evidente. Mamdani difunde uma mensagem social simples sobre a acessibilidade: moradia, congelamento de aluguéis em habitações públicas, creches e transporte público gratuitos.
Adversários exploram a inexperiência política de Mamdani, que atuou por cinco anos como membro da Assembleia estadual em Albany, assim como fizeram com Obama, então senador júnior de Illinois em 2008.
Alvo de ataques islamofóbicos, o candidato novato a prefeito foi rotulado de comunista pelo presidente Donald Trump e de extremista pelo veterano ex-companheiro de partido e atual adversário Andrew Cuomo. Sliwa chegou a afirmar que ele apoia a "jihad global".
Há dez dias, do lado de fora da mesquita do Bronx, Mamdani discursou sobre as dificuldades que os muçulmanos enfrentam ao lidar com a discriminação desde os ataques de 11 de Setembro. A abordagem sobre a fé muçulmana reavivou a memória do célebre discurso que Obama fez, em março de 2008, sobre a questão racial na campanha presidencial.
“Crescendo à sombra do 11 de Setembro, sei o que significa viver com uma corrente subterrânea de suspeita nesta cidade. Sempre me lembrarei do desprezo que enfrentei. De como meu nome podia imediatamente se tornar “Mohammed” e de como eu podia voltar para a minha cidade apenas para ser questionado, em salas de espelhos duplos, sobre se eu tinha algum plano de atacá-la”, afirmou o candidato a prefeito.
Tal como ocorreu com Obama em 2008, o discurso de Mamdani contra o ódio foi bem recebido e não apenas por muçulmanos.

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