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Frequência, fantasias e espontaneidade no sexo: o que estudos revelam sobre mitos comuns

31/10/2025 05:04 O Globo — Rio

Falar sobre sexo ainda é um desafio para muitos casais. Entre tabus e desinformação, a falta de diálogo costuma alimentar mitos que, além de distorcer a percepção do prazer, criam expectativas irreais sobre o que é um relacionamento saudável. Um artigo publicado pelo "The Wall Street Journal", com base em novas pesquisas sobre comportamento e intimidade divulgadas em revistas científicas de prestígio, mostra como a ciência tem ajudado a desconstruir essas crenças e a propor uma visão mais realista e gentil sobre o desejo, o prazer e a conexão emocional.
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A seguir, três ideias que a ciência está ajudando a repensar:
Fazer mais sexo nem sempre significa ser mais feliz
A ideia de que a frequência das relações define a satisfação do casal é antiga, e amplamente disseminada. Mas pesquisas recentes sugerem que a equação "mais é melhor" nem sempre se confirma na prática. Um artigo publicado na revista "Nature Reviews Psychology" analisou 279 estudos sobre o tema e encontrou um padrão curioso: casais que mantêm relações sexuais uma vez por semana relataram níveis de felicidade mais altos do que aqueles com menos frequência, mas o índice não cresce entre os que fazem sexo com maior regularidade.
Segundo os pesquisadores da Reichman University, em Israel, o que realmente contribui para o bem-estar não é a quantidade, mas a sensação de conexão e intimidade que o sexo proporciona, efeito que tende a se prolongar por dias após o encontro. Cada relacionamento, no entanto, tem seu próprio ritmo: não existe uma frequência "ideal", e sim o que funciona para cada casal.
Fantasias sexuais não precisam ser segredo, mas pedem sensibilidade
O universo das fantasias ainda é cercado de silêncio. Pesquisas apontam que cerca de 97% das pessoas têm algum tipo de fantasia, mas muitos acreditam que revelar desejos desse tipo pode gerar desconforto ou afastamento. Estudos recentes indicam, porém, que a troca de confidências pode fortalecer o vínculo.
De acordo com o pesquisador Justin Lehmiller, do Kinsey Institute, casais que compartilham certas fantasias relatam maior satisfação sexual e emocional. Isso porque o diálogo sobre o tema amplia a cumplicidade e a confiança, ingredientes essenciais de uma relação madura. Ainda assim, ele ressalta que o bom senso deve prevalecer: "Nem tudo precisa ser dito. É importante perceber o que pode ser acolhido pelo parceiro e o que talvez gere atrito."
O melhor sexo nem sempre é espontâneo
O cinema costuma vender a ideia de que o sexo mais intenso acontece de forma inesperada, em momentos de pura paixão. A ciência, contudo, sugere que o desejo também pode ser cultivado com planejamento, e que o agendamento de encontros íntimos está longe de tirar a magia do momento.
Pesquisadores da York University, no Canadá, descobriram que casais que planejam experiências românticas tendem a sentir o mesmo prazer (ou até mais) do que aqueles que se deixam levar apenas pela espontaneidade. O motivo está na antecipação positiva, a expectativa que se constrói antes do encontro.
Planejar, nesse caso, não significa transformar a intimidade em rotina, mas reconhecê-la como prioridade. Para os especialistas, essa intenção deliberada de criar tempo e espaço para o prazer pode fortalecer o vínculo afetivo e devolver o protagonismo ao desejo, algo que, muitas vezes, se perde entre as pressões do cotidiano.

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