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Lideranças de Barra e Recreio criticam projeto de lei que permitiria construir prédios em shoppings e supermercados

23/10/2025 05:03 O Globo — Rio

Lideranças da região de Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes criticam o projeto de lei complementar (PLC) do Executivo que pretende liberar construções em estacionamentos de shoppings, supermercados e hipermercados, mediante compensação financeira à prefeitura. A medida afetaria principalmente os dois bairros e Jacarepaguá, por abrigarem diversos terrenos com estas características que poderiam ser aproveitados para erguer edifícios residenciais ou comerciais, como prevê o PL, e seriam receptores de potencial construtivo nos casos de pedidos de aumento de gabarito. A proposta, que deve ser votada nesta quinta (23) na Câmara Municipal do Rio, ainda contempla hospitais e clínicas, que poderão levantar até mais dois andares sobre a cobertura dos edifícios.
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O projeto de lei prevê o aumento de até 20% da taxa de ocupação horizontal dos terrenos de shoppings, supermercados e hipermercados, mediante pagamento de contrapartida à prefeitura, desde que não ultrapassem a altura máxima e a área total edificável permitida.
Também seria possível aumentar o gabarito. Para ter o direito de construir mais andares em seu imóvel, o interessado teria que adquirir potencial construtivo de uma das três Operações Urbanas Consorciadas (OUC) em andamento no momento na cidade — Autódromo Parque Guaratiba, Estádio São Januário ou Parque Legado Olímpico. Os metros quadrados comprados poderiam ser usados em setores receptores localizados em Barra, Recreio, Jacarepaguá e um trecho da Zona Norte.
Dentre os lugares elencados pela prefeitura como possíveis receptores do projeto estão o complexo BarraShopping/New York Center, Via Parque, VillageMall, Barra Garden e Rio Design Barra. Entre os supermercados estão Carrefour, Supermarket Barra, Atacadão Barra, Assaí Atacadista e Mundial Recreio.
Delair Dumbrosck, presidente da Câmara Comunitária da Barra da Tijuca (CCBT), que representa mais de 400 condomínios, faz diversas críticas ao projeto de lei e lista problemas que poderiam surgir com a construção de imóveis nesses locais.
– Isso é um absurdo. Se construírem prédios em todas essas regiões comerciais da Barra, pode ter certeza de que o trânsito, que já é ruim, vai ficar pior. A prefeitura não pode simplesmente conceder licenças para subir mais imóveis e não investir na infraestrutura do bairro – diz.
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Ele teme que o bairro sofra também com mais episódios de falta de luz e de água:
– A nossa Câmara Comunitária não é contra o crescimento, nós entendemos que a cidade vai se expandir, mas ela tem que crescer com infraestrutura. É necessário fazer obras de mobilidade urbana, como passagens subterrâneas, aumentar o número de reservatórios de água e ampliar a distribuição de energia elétrica.
Presidente da Associação Comercial e Industrial do Recreio e Vargens (Acir) e da HotéisRio, Alfredo Lopes, morador da região, é da mesma opinião. Segundo ele, o adensamento demográfico no Recreio pode prejudicar ainda mais a mobilidade na Zona Sudoeste.
– Hoje em dia você já leva uma hora e meia entre o Recreio e a Barra. O bairro já tem um volume grande de construção de novas moradias e de carros. A gente tem medo de que mais imóveis gerem um colapso no trânsito – argumenta.
De acordo com Lopes, alguns shoppings e supermercados já estão localizados em vias completamente congestionadas, onde o trânsito ficaria ainda pior com mais automóveis em circulação:
– Temos conhecimento de empreendimentos que estão “morrendo” porque as pessoas não conseguem chegar ou sair do lugar. Portanto, não é legal para os comerciantes que o trânsito fique ainda mais estrangulado.
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Presidente da Associação de Moradores do Recreio dos Bandeirantes (Amor), Simone Kopezynski diz que o Recreio foi um dos bairros que mais ganharam população na última década, de acordo com o Censo 2022.
– A gente já tem um problema muito grande de trânsito, vive tendo queda de luz, de vez em quando falta água. O Recreio saiu de 78 mil para quase 150 mil habitantes e a infraestrutura não acompanhou esse crescimento. Se você pegar essas áreas grandes e botar edifícios, o adensamento vai dar um nó no bairro. O Recreio praticamente só tem a Avenida das Américas para escoar o trânsito de entrada e saída do bairro; as ruas paralelas já não dão conta do volume que existe hoje em dia – diz. – Precisamos é de mais mobilidade, mais infraestrutura.
Procurada para comentar as preocupações das lideranças, a prefeitura não respondeu até o fechamento desta reportagem.
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