Outubro Rosa: sócias descobrem câncer de mama com dois anos de diferença e se unem em tratamento
Fabiana (à esq. na primeira foto) e Claudia (à dir. na primeira foto) são sócias de um consultório em São Vicente (SP) e praticam canoa havaiana juntas
Arquivo Pessoal
Duas dentistas e sócias-fundadoras de um consultório odontológico em São Vicente, no litoral de São Paulo, receberam o diagnóstico de câncer de mama com apenas dois anos de diferença. Esse período não costuma ser fácil, mas uma enxergou na outra o apoio necessário para enfrentar o tratamento.
Fabiana Cordela de Oliveira, de 50 anos, contou ao g1 que se formou na mesma faculdade que Claudia Keiko Kobashigawa, de 52, mas só começou a trabalhar com ela durante a pandemia da Covid-19, em 2021. A dentista explicou que precisava de um consultório para atender os pacientes e recebeu um convite da amiga, que havia acabado de descobrir o câncer e estava afastada por conta do tratamento.
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À equipe de reportagem, Claudia afirmou que procurou um médico após sentir um caroço acima do seio. "Foi um baque na hora. Fui pegar o exame sozinha e fiquei sem chão, mas aos poucos fui me acalmando e acreditando que um tratamento rápido me daria uma segunda chance", lembrou a dentista, que precisou passar por sessões de quimioterapia e radioterapia, além de três cirurgias.
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Dois anos depois, a sócia recebeu o mesmo diagnóstico durante a realização de exames preventivos. A descoberta precoce foi possível graças à mamografia, que detectou uma calcificação maligna de 7 milímetros. Fabiana retirou um quadrante da mama e também realizou sessões de radioterapia.
"Quando você recebe esse diagnóstico, parece que você entra em um quarto escuro e nesse momento ela [Claudia] me ajudou muito", explicou Fabiana.
Sempre juntas
Claudia destacou que cada uma teve uma experiência diferente durante o tratamento, mas o apoio mútuo continuou sendo essencial antes e depois das consultas médicas. "Isso nos ajuda a espantar o medo e ver que ainda temos um futuro pela frente", ressaltou a dentista.
Fabiana (à dir.) e Claudia (à esq.) receberam o diagnóstico de câncer de mama com dois anos de diferença
Arquivo Pessoal
Hoje, as sócias fazem o uso de uma medicação para o tratamento de bloqueio hormonal – este método é usado para impedir que hormônios estimulem o crescimento das células cancerígenas.
Além do trabalho, as dentistas também encontraram sincronia na canoa havaiana. Em 2023, Claudia entrou para um grupo de mulheres que tiveram câncer de mama ou ainda estão em tratamento, e agora incluiu Fabiana.
Juntas, elas remam uma vez por semana na piscina e outra no mar. "A Cláudia sempre me acalmou. Além disso, nesse grupo de remada convivemos com pessoas que entendem exatamente o que passamos, nossos medos, nossas inseguranças e angústias", finalizou Fabiana.
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Prefeitura de Santos/Divulgação
Câncer de mama
Ao g1, a ginecologista Fernanda Nassar explicou que o câncer de mama é caracterizado pelo crescimento descontrolado de células anormais na mama. O tratamento é individualizado e deve ser definido por uma equipe multidisciplinar, mas a profissional listou as possibilidades mais comuns:
➡️Quimioterapia: uso de medicamentos por via venosa ou oral;
➡️Radioterapia: radiação que elimina células residuais;
➡️Hormonoterapia: responsável por bloquear hormônios que alimentam alguns tumores;
➡️Terapia alvo-dirigida: um protocolo específico para as características das células cancerígenas.
A especialista acrescentou que a rede de apoio composta por família, amigos, psicólogos e equipe médica, como foi o caso das dentistas, é uma parte crucial do tratamento. "Garante suporte emocional para lidar com o medo e a ansiedade, além da ajuda prática no dia a dia, fazendo com que a paciente foque na recuperação. O fato é que ninguém deve passar por isso sozinha", destacou Fernanda.
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O Outubro Rosa é uma campanha global de conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama.
"Eu considero esse movimento importantíssimo", afirmou Fernanda. "A prevenção e o diagnóstico precoce são nossas armas mais poderosas", acrescentou a profissional.
A ginecologista destacou hábitos importantes para a prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama. Veja abaixo:
➡️Manter um peso saudável;
➡️Praticar exercícios físicos e alimentar-se bem;
➡️Realizar exames de rotina, como a ultrassonografia das mamas e a mamografia — esta última recomendada anualmente a partir dos 40 anos (ou antes, se houver casos na família);
➡️Autoexame consiste em observar a aparência (com braços para baixo, na cintura e para cima), e apalpar cada mama em movimentos circulares, iniciando pelo mamilo e indo até a axila. ATENÇÃO: ele não substitui a mamografia.
O conceito moderno do autoexame envolve conhecer o próprio corpo.
Getty Images via BBC
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