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São Paulo soma 45 prisões por falsificação de bebidas desde início da crise, diz delegado à CPI do Metanol

28/10/2025 17:39 O Globo — Rio

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Metanol, da Câmara Municipal de São Paulo, ouviu nesta terça-feira (28) suas primeiras testemunhas: o delegado-geral de Polícia, Artur Dian, e o secretário municipal de Segurança Urbana (SMSU), Orlando Morando. Em balanço apresentado aos vereadores, eles afirmaram que 66 pessoas foram presas por envolvimento em esquemas de adulteração e falsificação de bebidas neste ano. A maioria das prisões ocorreu após a crise iniciada no começo de setembro, com 45 pessoas presas no último mês.
Onda de intoxicação: Principal suspeita da polícia é que etanol comprado em posto e batizado com metanol foi usado em bebidas adulteradas
PF: Operação rastreia origem do metanol em bebidas alcoólicas
Apesar do avanço, as investigações ainda não foram concluídas. Até agora, uma das “grandes prisões”, como classificou Dian, foi a de Vanessa Maria da Silva, que mantinha uma fábrica de bebidas adulteradas em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo. Sua fábrica é apontada como responsável por pelo menos três casos de intoxicação, dois deles com morte.
O marido e o cunhado de Vanessa, também envolvidos na operação da fábrica, são considerados foragidos, de acordo com o delegado-geral.
O secretário Orlando Morando fez um apelo para que os vereadores legislem sobre o uso e o reaproveitamento de garrafas na cidade. Segundo ele, o ciclo de falsificação só se mantém porque os criminosos têm acesso a esses vasilhames. Ele defendeu a criação de mecanismos que garantam o descarte seguro e o controle do reuso das embalagens.
Questionado sobre as ações previstas para os próximos meses — especialmente em eventos como o Réveillon e o carnaval, quando há aumento no consumo de bebidas alcoólicas —, Morando disse acreditar que o problema estará resolvido até lá.
— Eu imagino que até fevereiro tudo já tenha sido esclarecido, os criminosos presos e punidos, e a gente eliminar de vez esse risco de ter uma bebida envenenada sendo comercializada e consumida pelas pessoas na cidade de São Paulo e em todo o Estado — afirmou.
Nas próximas reuniões, a CPI pretende convidar familiares das vítimas e donos de adegas onde foram encontradas bebidas adulteradas. No primeiro encontro do colegiado, houve um atrito entre os vereadores Celso Giannazi (PSOL) e Ely Teruel (MDB).
Giannazi questionou o delegado-geral sobre a participação da Polícia Federal nas investigações e se o efetivo técnico e operacional das forças estaduais é suficiente para lidar com o problema. Dian respondeu que há cooperação com a federação e com polícias de outros estados onde também foi identificada contaminação por metanol.
Ely Teruel e o vereador Sargento Nantes (PL) criticaram o colega por, segundo eles, tentar “politizar o tema”. Como mostrou O GLOBO, o combate às bebidas adulteradas se tornou um novo palco de disputa por protagonismo entre o governo estadual de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e a gestão federal do presidente Lula.

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