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Tecnologia no combate ao tráfico: investigação contra o Comando Vermelho usou softwares de rastreamento e análise de dados

01/11/2025 05:00 G1 — Brasil

Traficantes do Alemão e da Penha planejam comprar drone com câmera térmica, aponta investigação
A investigação que deu origem à Megaoperação Contenção, deflagrada esta semana contra o Comando Vermelho (CV), utilizou ferramentas tecnológicas de rastreamento e análise de dados para identificar conexões entre chefes da facção e grupos armados que atuam em diferentes regiões do Rio de Janeiro.
Ao todo, o MPRJ denunciou 69 pessoas por associação para o tráfico. Na última terça (28), 113 pessoas foram presas, e outras 121 foram mortas, incluindo 4 policiais civis e militares.
De acordo com os relatórios anexados ao processo, a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) recorreram a softwares e sistemas como IBM i2, VIGIA e AUDIT para cruzar informações de celulares, redes sociais e registros de internet. As plataformas permitiram mapear trocas de mensagens em grupos de WhatsApp e Telegram, além de localizar movimentações suspeitas em tempo real.
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Arte/g1
Entenda as ferramentas usadas na investigação:
IBM i2: Plataforma de análise de inteligência da IBM, utilizada por forças de segurança para cruzar grandes volumes de dados e visualizar conexões entre pessoas, endereços, veículos e eventos.
VIGIA: Programa do Ministério da Justiça e Segurança Pública voltado ao monitoramento de fronteiras e combate a crimes transnacionais, com uso de sistemas integrados de rastreamento e vigilância.
AUDIT: Sistema técnico das operadoras de telefonia que permite auditar comunicações em tempo real. No processo, foi usado para permitir que os investigadores identificassem, durante a transmissão de dados, a localização dos telefones (IMEIs) interceptados pelos sinais das antenas (ERBs).
Os documentos indicam que o IBM i2 foi usado para construir diagramas de vínculos entre suspeitos e monitorar conversas em grupos com nomes como Tropa do Edgar e Ph os cria, associados a traficantes do Complexo da Penha. Já os sistemas VIGIA e AUDIT foram empregados no rastreamento de dados fornecidos por operadoras de telefonia e provedores de internet.
O cruzamento das informações, segundo os investigadores, permitiu identificar ligações entre chefes presos e integrantes ainda em atividade nas comunidades. O material serviu de base para pedidos de prisão e de quebra de sigilo telemático apresentados ao Judiciário.
Em manifestação enviada à 42ª Vara Criminal da Capital, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ) afirmou que o uso de tecnologia foi determinante para revelar a estrutura hierárquica da facção e a forma como as ordens eram repassadas a diferentes núcleos regionais.
A Polícia Civil também informou, em ofício ao Ministério Público, que as ferramentas ajudaram a reduzir riscos durante o cumprimento de mandados, ao indicar rotas e possíveis pontos de confronto.
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Doca, traficante do CV
Reprodução/TV Globo
Conversas
A denúncia do MPRJ que resultou na megaoperação revelou como mensagens de WhatsApp e vídeos de drones foram usados para comprovar a estrutura e o funcionamento do Comando Vermelho na capital fluminense.
O documento do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), elaborado a partir de uma investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), acusa 69 pessoas de associação para o tráfico de drogas e descreve um organograma da facção com funções definidas para cada integrante.
Segundo a investigação, Edgar Alves de Andrade, o Doca ou Urso, é apontado como principal liderança do CV no Complexo da Penha e em comunidades como Gardênia Azul, Cesar Maia, Juramento, Quitungo e Alemão — algumas delas recentemente tomadas de grupos paramilitares. Ele conseguiu escapar da megaoperação da última terça e segue foragido.
Os chefes do CV criaram grupos em aplicativos de mensagem para avisar os integrantes da quadrilha sobre temas que variam da prática de torturas a moradores dos complexos do Alemão e da Penha até a escala de seguranças que atendem pontos de venda de drogas ou a Doca.
Doca teria sob seu comando uma cadeia hierárquica rígida, com ordens diretas e punições severas a quem desobedecesse às determinações. Para coibir brigas em bailes funk na comunidade, por exemplo, mulheres são colocadas em galões de gelo.
Em uma mensagem investigada pela polícia, um homem identificado como Aldenir Martins do Monte Junior foi arrastado durante 7 minutos pelas ruas da favela. O morador está algemado e amordaçado, obrigado a delatar a quadrilha rival.
Diante dele está Juan Breno Ramos, o BMW, responsável por aplicar as punições definidas pela facç

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