América Latina precisa superar informalidade para crescer, diz presidente de banco de fomento
A América Latina tem um "copo meio cheio e meio vazio" e precisa superar o desafio da informalidade no trabalho para ampliar seu crescimento, afirmou nesta sexta-feira Sergio Díaz, presidente-executivo do CAF (banco de fomento voltado para países latinos e caribenhos).
Para ele, o baixo crescimento econômico é um problema secular, não apenas da última década, insuficiente para as necessidades da região. Uma dessas causas, disse, são as altas taxas de informalidade, que variam entre 30% a 80% na região, o que prejudica a acumulação de poupança, pensões e saúde.
— Colocamos algumas gotas de água no emprego formal, mas estamos a esvaziar (a América Latina) por baixo com o emprego informal — disse.
Diaz destacou que a região tem cerca de 25 anos para aproveitar o "bônus populacional" antes que a taxa de substituição se torne negativa. Atualmente, 20 milhões de jovens não estudam nem trabalham, acrescentou.
O executivo disse que a pobreza parou de cair, sendo necessário voltar a trabalhar contra isso. E que é preciso reconectar democracia e cidadania.
— Há uma grande perda de confiança nas instituições democráticas — afirmou, acrescentando ser necessário melhorar os índices criminais da região, pois "sem segurança não há desenvolvimento".
Na outra ponta, a região está "melhor do que se temia" por conta da resiliência do setor privado e condições financeiras favoráveis, disse o presidente do CAF.
— Esta é uma região que pode crescer em minerais e metais. Podemos utilizar os metais e os minerais para agregar valor na transição digital. Não é possível a transição digital sem transição energética, e a América Latina tem essa posição de liderança — acrescentou.
A fala de Díaz foi feita durante o lançamento do Fórum Econômico Internacional América Latina e Caribe, nesta sexta-feira.
O evento deve reunir, nos dias 29 e 30 de janeiro de 2026, mais de 2.500 empresários, investidores, autoridades governamentais e representantes de organismos multilaterais. O objetivo é posicionar estrategicamente a região no mapa geopolítico global.
— É preciso considerar a América Latina como parte da solução para os problemas globais — disse Díaz.
O evento reunirá especialistas globais para debater os desafios e oportunidades da região em um cenário global em mudança, marcado por atritos comerciais e reajustes na arquitetura financeira internacional.
Participação do Brasil
O CAF convidou o presidente Lula para o evento, que terá também uma rodada com empresas brasileiras. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) vai montar uma comitiva de empresários para o evento.
— Vamos atrair uma grande quantidade de empresas para ampliar a integração de nosso povo. Vamos promover a integração regional e discutir as oportunidades de desenvolvimento econômico sustentável — disse o embaixador do Brasil no Panamá, João Mendes Pereira.
No total, as rodadas de negócios reunirão 150 compradores internacionais com 300 exportadores latino-americanos.
O CAF é um banco multilateral latino-americano e financia projetos em áreas como energia, mobilidade, saneamento e educação. No Brasil, a carteira de crédito é de US$ 3,2 bilhões.
*Viajou a convite do CAF
Fonte original: abrir