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Conheça projetos que levam dinheiro, educação e futuro para a Amazônia

31/10/2025 22:51 G1 — Brasil

Na série sobre esperança e meio ambiente, conheça os guardiões da floresta amazônica
Na série de reportagens sobre recuperação ambiental, que o Jornal Nacional apresentou nesta semana, nós fomos nesta sexta-feira (31) à Amazônia. Junto da floresta vive uma parte da população brasileira que trabalha e produz mantendo as árvores de pé.
Sons da floresta. O japiim da manhã. O cricrió do entardecer. E, à noite, o gerador
“Esse barulho todo é coisa estranha para floresta. E até ali no meio do mato a gente escuta ele, o barulho. E aí quem vive daqui da natureza não consegue nada”, diz Tomas Correia Santana, cacique da aldeia Aningalzinho.
Ser líder do povo Tupaiú é fazer todos os dias essa escolha difícil entre o barulho e a escuridão. O cacique se decidiu por um meio-termo.
“Ela só é ligada das 19h até as 22h30, quando tem o óleo. Quando não tem, continua no escuro”, conta o cacique.
"Oitenta a 90% das comunidades da região amazônica ainda utilizam o diesel vendido a preços muito, muito elevados para as comunidades pobres, isoladas, e transportado através dos rios”, afirma Paulo Artaxo, coordenador do Centro de Estudos Amazônia Sustentável/ USP.
“As comunidades não têm capacidade financeira de manter eletricidade à base de diesel. Então, acaba que eles não podem ter na sua casa uma aguinha gelada, não podem conservar alimentos”, diz Eugênio Scannavino Netto, médico sanitarista, fundador do Projeto Saúde e Alegria.
Irenilce teria peixe para semana inteira se tivesse uma geladeira e uma tomada onde ligar.
“Quando não tem a energia, a gente conserva desse jeito que está aqui, no varal. A gente passa no sal , abre e coloca aqui no varal para secar, para que ele fique conservado para alimentação da gente”, conta Irenilce Kumaruara, cacica da aldeia Vista Alegre do Kapixauã.
Na Amazônia, 1 milhão de brasileiros vivem isolados, sem energia elétrica. Indígenas ou ribeirinhos, vizinhos na rua líquida e imensa. São os guardiões da floresta.
“Às vezes, quem não é daqui acha que é só um tapete verde sem ninguém. Debaixo da floresta tem gente, e é um povo que precisa também de saúde, de saneamento, de energia”, afirma Caetano Scannavino, coordenado do Projeto Saúde e Alegria.
Projetos levam dinheiro, educação e futuro para a Amazônia
Jornal Nacional/ Reprodução
Sim, os problemas são gigantes onde tudo é gigante. Quantas vezes é preciso lembrar que não estamos no oceano? Rio Tapajós, no interior do Pará. Estado que tem na bandeira uma estrela, mas o sol bem que merece um lugarzinho ali também. Está mudando a vida de quem mora por lá. Infelizmente, a energia não pode ser levada de barco. Assim, muitas comunidades ribeirinhas encontraram um outro caminho: pelo alto.
Está pronta a máquina do tempo. A placa solar representa um salto de mais de um século para muitos lugares que até meses atrás viviam na escuridão. A luz chegou na aldeia Esperança para iluminar a espera da Adriane dos Santos Mota pelo quarto filho. O mundo em torno da barriga onde ele cresce foi mudando rapidamente.
“O que mudou foi a energia. Porque, antigamente, a gente usava lamparina. É o primeiro filho que eu vou ter no claro. Hoje eu digo: isso vai facilitar muito para nós, principalmente no cuidar da noite. Melhorou foi muito para nós”, diz a ribeirinha Adriane dos Santos Mota.
A estrada é linda, mas o caminho é longo. A cidade mais próxima fica a oito horas de barco. Em uma região urbana, uma placa solar representa uma conta de luz mais barata, a valorização do imóvel e até a tranquilidade de uma fonte de energia inesgotável. Lá, em um lugar tão remoto, a energia solar pode representar para as pessoas a própria vida.
Tudo começou com elas: as vacinas. O médico Eugênio foi para a Amazônia em 1984 e se impressionou com a perda de vacinas pela falta de refrigeração.
“Essas comunidades estão aqui na Amazônia enfrentando os piores indicadores sociais do Brasil. Mas elas estão aqui defendendo essa floresta para todos nós do planeta”, afirma Eugênio.
Nasceu então o projeto Saúde e Alegria, que levou a energia solar. E graças a ela, que venham as novidades. Sem sair da cidade, a médica atende no coração da floresta. Sem sair da Amazônia, a Solene aprende a mexer no computador e a Edilena pode ver as notícias.
“Assistir a um jornal porque é um direito. Tem que saber como está rolando no mundo”, diz a trabalhadora rural Edilena Cristina Teixeira Oliveira.
Só não dá para esperar sete horas se a energia falhar. Então, é só chamar a eletricista que vive lá. Quando as placas chegaram, há seis meses, Fabrícia recebeu treinamento e se tornou uma eletricista do sol. Mal sabia ela que, junto com a novidade, iria encontrar uma antiguidade: o machismo.
Fabrícia: Eles falam que não botam fé na gente.
Pedro Bassan, repórter: Olha meio de cima para baixo?
Fabrícia: ‘Tu vai montar? Vai saber fazer isso?’. Eles não acreditam. Aí vou lá, faço. Está vendo como eu sei? A gente está conseguindo, firme e forte. Graças a Deus, está dando tudo certo.
Projetos levam dinheiro, educação e fut

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