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‘Não é qualquer coisa, é onde começamos’, diz Marcelo D2 sobre show no Rio, que encerra a turnê de despedida do Planet Hemp

25/10/2025 11:13 O Globo — Rio

Depois de três décadas na cena musical, o Planet Hemp deixa agora só a brasa (ainda quente) da despedida. Na estrada desde setembro com a turnê final “A última ponta”, a banda já passou por sete cidades e fará mais quatro apresentações, em Recife, Minas Gerais, São Paulo e Rio, onde encerram a excursão em 13 de dezembro, na Fundição Progresso. Ao GLOBO, os vocalistas Marcelo D2 e BNegão dizem já imaginar que o show terá um “gosto” mais especial, uma vez que a formação do grupo remonta a cenários cariocas.
— Não é qualquer coisa! Vai ser na nossa cidade e na Lapa, onde começamos. (Nos anos 1990) o bairro era o nosso ponto de encontro, a nossa boemia estava ali. Eu e o Bernardo (BNegão) nos conhecemos no Circo Voador. Também fizemos shows fantásticos na Fundição, é uma das nossas casas — diz Marcelo D2.
Conhecidos pela mistura de ritmos (rap, rock, psicodelia, hardcore e ragga são os principais) e por letras pautadas em temas como a liberação da maconha, a violência policial e o racismo, o grupo foi formado em 1993 pelo rapper e por Luís Antônio Machado, o Skunk, que morreu de Aids no ano seguinte. O primeiro álbum, “Usuário”, veio em 1995.
Sem mencionar nomes (os contratos ainda estão sendo assinados), o rapper adianta que o show receberá participações especiais, como de ex-integrantes da banda e outros amigos, principalmente os cariocas.
— Vai ter muita gente. No dia podemos até encontrar alguém em um boteco ou em uma esquina e convidar para participar. Ou alguém pode aparecer no camarim e entrar para o show (risos). Sempre tivemos palcos e microfones abertos para quem compartilha das nossas ideias, fizemos muitos amigos pelo Brasil. As coisas estão cada vez melhores (na turnê), então vamos chegar no Rio na “ponta dos cascos” — completa.
Apesar das sete primeiras apresentações da turnê “A última ponta” terem sido feitas exclusivamente pelos atuais integrantes da banda — D2, BNegão, o baixista Formigão, os guitarristas Nobru e Daniel Ganjaman, responsável também pelos teclados, e o baterista e produtor Pedro Garcia —, a reta final tem participações especiais já confirmadas.
Em Recife, no dia 8 de novembro, estarão com a banda Nação Zumbi, uma das precursoras do movimento Manguebeat. Já no dia 15 do mesmo mês, o show no Allianz Parque, em São Paulo, será aberto pelo BaianaSystem e terá participação de Emicida, Pitty e Seu Jorge, que foi percussionista do grupo na virada do século.
Viagem pelos 32 anos
Para os vocalistas, a turnê tem sido uma viagem entre seus greatest hits e os trabalhos mais recentes, como o álbum “Jardineiros”. No mundo desde 2022, o disco marcou o encerramento do hiato de mais de duas décadas sem novos lançamentos do grupo.
— Tem banda que é só o “agora”, outras são só nostalgia… Nós somos tudo junto. Estamos tocando nos shows as músicas antigas e as atuais. Têm várias que a galera ainda não tinha escutado ao vivo, como as de “Jardineiros”. O público fica muito animado (quando tocamos as mais novas) — diz BNegão.
A decisão de encerrar a banda, como os dois lembram ao GLOBO, é uma maneira de preservar a imagem e o legado do Planet Hemp. Após 32 anos de estrada e agora com idades entre 50 e 60 anos, ambos já não sentem a mesma energia de quando jovens.
— É um show que tem que ser feito pela galera de 20 anos. A gente tá aqui de teimosia — brinca BNegão.

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