Tribunal dos EUA ordena a continuidade de ajuda alimentar apesar da paralisação do governo
O principal programa de assistência alimentar dos Estados Unidos recebeu um alívio nesta sexta-feira, após um juiz ordenar que o governo mantivesse o auxílio do qual dezenas de milhões de americanos dependem, poucas horas antes de sua suspensão ser anunciada devido ao impasse orçamentário. Após mais de quatro semanas de shutdown, a paralisação do governo, que deixou centenas de milhares de funcionários federais sem trabalho, interrompeu o tráfego aéreo e fechou diversos parques nacionais, os efeitos da paralisação começarão a se espalhar para setores mais amplos da população neste sábado.
— Haverá pessoas reais, famílias reais, haverá crianças que passarão fome a partir deste fim de semana — disse o líder republicano Mike Johnson, que acusou a oposição democrata de "continuar com seus jogos políticos em Washington".
O governo Trump planejava suspender os pagamentos do Programa de Assistência Nutricional Suplementar (SNAP), que beneficia mais de 42 milhões de americanos, segundo dados oficiais, a partir de amanhã. A secretária de Agricultura, Brooke Rollins, declarou que o programa estava ficando sem fundos após um mês de paralisação do governo.
Nesta sexta-feira, uma juíza federal ordenou que o governo federal utilizasse fundos emergenciais para continuar financiando o programa. Pouco antes, Rollins se recusou a comentar se o Departamento de Agricultura cumpriria a ordem judicial. Em entrevista à CNN, ela disse que estavam "analisando todas as opções".
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'Horrorizada'
— Estou horrorizada com a forma como nosso país trata famílias e crianças — afirmou à AFP Kerry Chausmer, moradora de um subúrbio de Washington que ajuda duas famílias a comprar mantimentos devido à falta de assistência governamental.
Os novos custos do seguro saúde para os mais de 24 milhões de pessoas cobertas pela Lei de Acesso à Saúde (Obamacare) também serão divulgados no sábado. Como os subsídios governamentais para este programa expiram no final do ano, seus custos provavelmente aumentarão drasticamente, observou o think tank KFF.
Uma pessoa que pagou uma média de US$ 888 (cerca de R$ 4.777) em 2025 terá que pagar US$ 1.906 (R$10.253) no próximo ano, de acordo com a KFF. A questão desses subsídios está no cerne do impasse no Congresso entre republicanos e democratas, que não conseguem chegar a um acordo sobre um novo orçamento.
O partido de Trump propõe estender o orçamento atual, mantendo os mesmos níveis de gastos, enquanto a oposição democrata exige a prorrogação dos subsídios do Obamacare. No Senado, embora os republicanos detenham a maioria, são necessários vários votos democratas para aprovar um orçamento.
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Turbulência
Uma pesquisa de opinião realizada pela ABC e pelo Washington Post e publicada na quinta-feira indica que 45% dos entrevistados culpam principalmente Trump e os parlamentares republicanos pelo impasse, em comparação com 33% que culpam os membros democratas do Congresso.
Enquanto isso, embora os salários dos militares tenham sido pagos em outubro, apesar da paralisação do governo devido a uma decisão de Trump, não está claro se a mesma manobra será possível em novembro. Os mais de 1,3 milhão de americanos que servem nas Forças Armadas poderão se juntar aos 1,4 milhão de funcionários federais cujos salários já estão congelados há um mês.
As interrupções no tráfego aéreo continuaram nesta sexta-feira devido à escassez de controladores de tráfego, alguns dos quais optaram por faltar ao trabalho sem receber. O aeroporto JFK de Nova York, um dos mais movimentados do país, teve que suspender todas as partidas e chegadas por uma hora e meia na sexta-feira.
Tanto democratas quanto republicanos esperam que uma solução para a crise venha da intervenção de Trump, que até agora se manteve à margem das discussões. Nesta sexta-feira, o presidente reiterou sua promessa de negociar com os democratas, mas somente após o fim da paralisação do governo.
— Nos veremos em breve, mas eles precisam reabrir o país — declarou Trump ao chegar à Flórida, onde passará o fim de semana em seu luxuoso resort Mar-a-Lago. — A culpa é deles, tudo isso é culpa deles.
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