Furacão Melissa toca o solo em Cuba após devastar a Jamaica: 'Extremamente perigoso'
O poderoso furacão Melissa tocou o solo no leste de Cuba nesta quarta-feira, com ventos máximos sustentados de 195 km/h, depois de se enfraquecer para a categoria 3, após devastar a Jamaica com ventos ferozes e chuvas torrenciais.
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O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (CNH) classificou o furacão como “extremamente perigoso” ao chegar a Cuba, depois de passar pela Jamaica, declarada “zona de desastre pelas autoridades”.
“Melissa tocou o solo na província de Santiago de Cuba, perto da localidade de Chivirico”, às 7h10 GMT, informou o CNH em seu último boletim.
O ciclone, que horas antes havia se fortalecido para a categoria 4, provocou dez mortes: três na Jamaica, três no Haiti, três no Panamá e uma na República Dominicana.
“Espera-se que Melissa permaneça como um furacão poderoso enquanto atravessa Cuba”, afirmou o CNH.
Dois homens consertam o telhado de uma casa após a passagem da tempestade tropical Melissa, antes de se tornar um furacão, em Barahona, na República Dominicana, em 28 de outubro de 2025
AFP
As autoridades cubanas informaram que cerca de 735 mil pessoas foram evacuadas, especialmente nas províncias de Santiago de Cuba, Holguín e Guantánamo.
Em El Cobre, cidade de Santiago de Cuba, equipes de proteção civil tentavam resgatar 17 pessoas que ficaram isoladas após a cheia de um rio e um deslizamento de terra, informou o jornal estatal Granma.
Floraina Duany, uma octogenária, rezava na terça-feira à Virgem do Cobre, padroeira dos cubanos, pedindo que Melissa não causasse danos.
— Se você é dona das águas, desfaça o furacão Melissa, que ele não nos cause tanto mal — orava a idosa perto de sua casa em Playa Siboney, a 15 quilômetros de Santiago de Cuba.
Melissa chegou ao meio-dia de terça-feira à Jamaica como um furacão de categoria 5, com ventos sustentados de até 295 km/h — o mais forte a atingir a ilha desde o início dos registros meteorológicos.
A tempestade demorou horas para atravessar o território jamaicano, o que reduziu sua intensidade para a categoria 3, antes de voltar a se fortalecer ao se aproximar de Cuba.
O primeiro-ministro da Jamaica, Andrew Holness, declarou a ilha uma “zona de desastre”. As autoridades advertiram os moradores para permanecerem abrigados devido ao risco contínuo de inundações e deslizamentos de terra.
— Parte do nosso telhado foi arrancada pelo vento, outra parte desabou, toda a casa está inundada. As construções externas, como os currais dos animais e a cozinha, também foram destruídas — relatou à AFP Lisa Sangster, moradora do sudoeste da Jamaica.
Em Kingston, capital jamaicana, os danos foram menores.
— Tenho a impressão de que o pior já passou — disse Mathue Tapper, de 31 anos, à AFP, embora tenha afirmado estar preocupado com as áreas rurais.
As autoridades também alertaram para o risco de ataques de crocodilos, que poderiam se aproximar de áreas habitadas devido às inundações.
Um homem observa uma árvore caída em St. Catherine, na Jamaica, pouco antes de o furacão Melissa atingir o território em 28 de outubro de 2025
AFP
A força de Melissa superou a de furacões históricos, como o Katrina, que devastou Nova Orleans em 2005.
Na segunda-feira, Holness havia advertido sobre as consequências do furacão nas áreas mais atingidas.
— Não acredito que exista infraestrutura nesta região capaz de resistir a um furacão de categoria 5 — afirmou.
A ONU anunciou na terça-feira a intenção de enviar cerca de 2.000 kits de emergência para a Jamaica, a partir de Barbados.
— Para a Jamaica, será a tempestade do século até agora — disse Anne-Claire Fontan, da Organização Meteorológica Mundial.
Estado de alerta
As autoridades cubanas declararam “estado de alerta” em seis províncias: Granma, Las Tunas, Holguín, Camagüey, Santiago de Cuba e Guantánamo.
Desde segunda-feira, a população vinha estocando mantimentos e reforçando os telhados das casas. As aulas e as atividades não essenciais foram suspensas.
Previa-se acúmulo de até um metro de chuva, com risco de inundações repentinas e deslizamentos de terra também no Haiti, na República Dominicana e em Cuba.
No Haiti, as autoridades ordenaram o fechamento de escolas, comércios e repartições públicas nesta quarta-feira.
Cientistas afirmam que a mudança climática tem intensificado grandes tempestades e aumentado sua frequência.
O meteorologista Kerry Emanuel explicou que o aquecimento global está fazendo com que mais tempestades se intensifiquem rapidamente, como aconteceu com Melissa, o que eleva o risco de chuvas extremas.
— A água mata muito mais gente do que o vento — disse à AFP.
O último grande furacão a atingir a Jamaica havia sido o Beryl, em julho de 2024 — uma tempestade anormalmente forte para aquela época do ano.
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