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Pilotos dos aplicativos 99 e Uber relatam que empresas aumentaram em quatro vezes valores em dia de violência no Rio

29/10/2025 11:28 O Globo — Rio

Pilotos de moto que trabalham por comissão nos aplicativos Uber e 99 relataram à coluna que as empresas aumentaram os valores das corridas em até quatro vezes no dia em que o Rio enfrentou um colapso no setor de transporte e na segurança pública, nesta terça (28).
Um empresário da Zona Oeste e mototaxista nas horas vagas conta que centenas de pilotos se arriscaram por conta dos altos valores estipulados:
— Motoboys estavam rodando e os aplicativos aproveitaram a situação com taxas além do normal. Fizeram com que as pessoas fossem para a rua para trabalhar e fazer corridas.
Outros dois trabalhadores ouvidos pela coluna enviaram fotos de suas contas nos aplicativos e comentaram sobre os riscos. V.X. trabalhava quando um caminhão foi atravessado na via por onde passava. O veículo foi usado como barricada. O pilito, que mora numa região com influência do tráfico e por isso teve o nome e o bairro omitidos neste texto, diz:
— A cidade ficou um caos, e as taxas, maiores. A gente conseguiu fazer mais dinheiro, mas se arriscou mais. Uma corrida que me pagaria R$ 10 reais num dia comum, ontem (terça) estava pagando R$ 45. É curioso porque os aplicativos só aumentaram o valor quando foi favorável a eles. Anos atrás, o valor era R$ 1,50 por quilômetro rodado. A taxa fixa, depois da diminuição do que costumamos ganhar, foi para R$ 0,80. Ontem subiu. A Central do Brasil estava com superlotação no metrô, a demanda fiocu maior para moto e eles aplicaram esse valor. Eu saí para trabalhar às 8h, parei para almoçar, retornei 13h mas não estava seguro. Ficou extremo, inviável — diz ele, que tem 26 anos e cuja companheira está grávida.
Aplicativos de moto cobram mais em dia de violência
Arquivo pessoal
Ele, que é morador de um bairro da Zona Norte do Rio, conta que nesga quarta (29) as estão vazias.
— Está esse clima. Ninguém sabe o que fazer. Está todo mundo com medo. Ontem, conforme as coisas iam acontecendo, vinha mais medo. Amigos meus rodaram como se não estivesse acontecendo nada. Eu não consegui ir muito além da hora do almoço — complementa.

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