Mural da Cidade
Tudo que você precisa saber sobre as cidades do Brasil em um só lugar

'Não há meios de interceptá-lo': Putin anuncia teste de drone submarino com capacidade nuclear

29/10/2025 11:31 O Globo — Rio

O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou o sucesso em um teste com o drone submarino Poseidon, uma arma movida a energia atômica, capaz de levar uma ogiva nuclear: segundo Putin, “não há meios de interceptá-lo”. O armamento, anunciado pela primeira vez na década passada, integra a lista de “superarmas” de Moscou, criadas de forma a reforçar a capacidade de dissuasão nuclear das forças russas.
— Ontem (terça-feira), realizamos mais um teste de outro sistema promissor: o veículo submarino não tripulado Poseidon. Ele também possui propulsão nuclear. Pela primeira vez, conseguimos não apenas lançá-lo de um submarino usando seu motor auxiliar, mas também acionar o propulsor nuclear, que alimentou o veículo por um certo período de tempo — disse Putin.
Nova realidade no front: Sanções de Trump mudam o cenário da 'guerra energética' entre Rússia e Ucrânia
Análise: Novas sanções dos EUA miram na economia russa, mas governo Putin se preparou para o golpe
Em declarações a jornalistas, Putin afirmou ainda que a capacidade do Poseidon “é incomparável ​​no mundo”, e que “não há meios de interceptá-lo”.
Com o nome oficial de Sistema Multiuso Oceânico Status-6, o Poseidon é um drone submarino movido a energia nuclear, capaz de operar a até mil metros de profundidade, e de atingir até 185 km/h de velocidade. Lançado a partir de submarinos, como apontou Putin, o Poseidon pode levar uma ogiva nuclear de dois megatons — a bomba Little Boy, usada pelos EUA em Hiroshima, em 1945, tinha 15 quilotons. Seus alvos prioritários são grupos de porta-aviões, infraestruturas e linhas de defesa costeira. A expectativa é de que a Marinha russa receba 32 unidades do Poseidon, que serão instalados em quatro submarinos.
Em março de 2018, em um discurso sobre o Estado da União, Vladimir Putin anunciou um ambicioso plano de atualização do poder de dissuasão atômica da Rússia, centrado no desenvolvimento de seis “superarmas”, todas com capacidade de realizar ataques nucleares e de difícil, senão impossível, interceptação.
Trump adverte Putin após teste de míssil: 'Temos o melhor submarino nuclear na costa deles'
Além do Poseidon, a lista inclui o veículo planador hipersônico Avangard; o míssil de cruzeiro Burevestnik; o míssil de cruzeiro antinavio Zircon; o míssil balístico lançado do ar Kinzhal; e o míssil balístico intercontinental Sarmat. Todas as armas já foram testadas — no domingo, o Ministério da Defesa anunciou o sucesso no teste do Burevestnik, alegando que ele é capaz de vencer qualquer sistema de defesa aérea —, e algumas, como o Kinzhal, estão sendo usadas em ataques contra a Ucrânia.
Desde o início da guerra em solo ucraniano, e do esfarelamento dos laços com o Ocidente, a Rússia tem apostado na perigosa retórica nuclear, aliada à crescente atualização de seu arsenal estratégico. Em mais de uma ocasião, foi levantada a possibilidade de que armas atômicas de menor poder destrutivo fossem usadas na Ucrânia, e um míssil balístico, o Oreshnik, foi usado contra uma cidade ucraniana, com carga explosiva convencional.
Diz investigação: Rússia usou empresas de fachada para comprar do Ocidente tecnologia de proteção de submarinos nucleares
Em paralelo, Rússia e EUA, que juntos têm mais de 10 mil ogivas operacionais e não operacionais, têm apenas um tratado de controle de arsenais em vigor, o Novo Start, que expira em fevereiro, e cuja renovação ou substituição por outro tratado não parecem próximas — a Rússia suspendeu sua participação no acordo, mas sem se retirar dele. Na segunda-feira, pouco depois do teste com o Burevestnik, Putin sancionou uma lei para retirar Moscou de um outro acordo, sobre a redução dos estoques de plutônio enriquecido, firmado em 2000. A Rússia suspendeu sua participação no plano em 2016.
Os testes ocorrem no momento em que o diálogo entre a Casa Branca e o Kremlin, retomado após a chegada de Donald Trump ao poder, parecem ter esfriado. Na semana passada, Trump aplicou sanções às duas maiores petrolíferas russas, diante do que vê como resistência de Putin para firmar um cessar-fogo.
Nesta quarta-feira, a rede NBC, citando integrantes do governo americano, disse que o presidente russo não está preparado para firmar um acordo de paz mediado por Trump, e determinado a manter suas operações militares. Contudo, a Casa Branca espera que as sanções possam mudar os rumos em Moscou, o que ainda não aconteceu.

Fonte original: abrir