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Inflação fora da meta 'é incômodo para o Banco Central', diz Galípolo

23/10/2025 11:33 O Globo — Rio

A inflação acima da meta tem sido um incômodo para o Banco Central, afirmou Gabriel Galípolo, presidente da autoridade monetária, durante sua participação no Fórum Econômico Indonésia-Brasil, em Jacarta.
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Galipolo acrescentou, também no evento, que, de forma gradual, já é possível perceber um movimento de desinflação no Brasil, fruto da política monetária mais restritiva.
— A inflação e as expectativas seguem fora do que é a meta. Isso é um ponto de bastante incômodo para o Banco Central, mas estamos falando de uma inflação que está num processo de redução e retorno para a meta em função de um Banco Central que vem se mostrando sempre bastante diligente e tempestivo no combate a qualquer tipo de processo inflacionário — disse.
O presidente do Banco Central disse ainda que a instituição deve manter a taxa de juros em 15% ao ano por mais um tempo, em prol de garantir que a inflação volte gradualmente ao centro da meta, sem prejudicar o desempenho da economia.
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Segundo Galípolo, a inflação fora da meta leva a autoridade monetária a “permanecer com uma taxa de juros num patamar elevado e restritivo por um período prolongado para que a gente possa produzir essa convergência”.
Haddad critica alta dos juros
Recentemente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem elevado o tom sobre a política monetária do BC. Em entrevista à GloboNews esta semana, o ministro voltou a afirmar que a taxa de juros está em um nível excessivamente restritivo diante do atual cenário econômico, com inflação que o ministro considera controlada e cortes de preços administrados, como o da gasolina pela Petrobras.
— A inflação está se comportando cada vez melhor, e as projeções do mercado já apontam para um índice abaixo de 4% em 2027. O FMI disse que o Banco Central do Brasil é o mais hawkish, o mais duro do mundo. E o FMI sabe o que está falando — afirmou Haddad, acrescentando:
— Historicamente, o nosso BC sempre foi duro, mas o atual é o mais duro do mundo, muito duro, é uma inflação que já está beirando a banda superior da meta, e você tem mais de 10% de juro real, então é duro mesmo, não é pouco o que está sendo feito — afirmou o ministro.
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O termo “hawkish”, usado por Haddad, se refere à postura mais agressiva de bancos centrais no combate à inflação, geralmente com manutenção de juros altos por longos períodos.
O ministro, no entanto, evitou críticas diretas à diretoria do BC, sob comando de Galípolo —indicado pelo governo Lula —, e disse que é cedo para avaliar o desempenho da atual gestão.
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Apesar das divergências, Haddad ressaltou que mantém respeito à autonomia da instituição e que emitir opinião não significa desrespeitar a autoridade monetária.
— Eu tenho o maior respeito pelo BC, mas emitir uma opinião não é pecado. Eu tenho dito que penso que a taxa de juros está restritiva demais. Aliás, o presidente (Lula) disse isso ontem. É uma opinião, não deveria ser confundido com desrespeitar a institucionalidade, porque o mercado emite opiniões todos os dias — declarou.
(* do Valor)

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