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Bares e ruas do Rio ficam vazios após dia de megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão

28/10/2025 22:39 O Globo — Rio

O medo gerado pela megaoperação das polícias Civil e Militar, nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio, ao longo desta terça-feira (280, deixou ruas e bares do Rio de Janeiro vazios nesta noite. Pontos tradicionais da boêmia carioca, como o Buxixo, na Tijuca, e a Avenida Atlântica, em frente ao Copacabana Palace, tiveram as conversas, músicas e risadas substituídas por portas fechadas, bares vazios e baixa circulação de veículos.
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Avenida Atlântica em frente ao Copacabana Palace
Alexandre Cassiano
Na Praça São Salvador, no bairro das Laranjeiras, na Zona Sul da cidade, não foi possível ver o tradicional agito das rodas de conversa entre jovens, ou encontros de amigos nos bares da região. Ao invés disso, poucas pessoas circulam a área e mesmo assim, apreensivas.
Baixo Botafogo fechado
Walter Farias
— Só estou de passagem, porque precisei ir ao mercado comprar alguns itens de urgência, mas estou correndo. Em uma noite qualquer, eu estaria vendo um jogo em alguma mesa, mas hoje é ficar quieto em casa — revelou um morador que preferiu não se identificar.
Estabelecimento sendo fechado na praça Martin Luther King, em Botafogo
Walter Farias
A situação se repete no Largo do Machado, bairro vizinho. Por lá, os estabelecimentos da rua Arno Konder, conhecidos pelo movimento até altas horas, estavam em sua maioria vazios e os que arriscaram manter o funcionamento, se depararam com público abaixo do comum.
— Terça-feira não é dos dias de maiores movimentos, nós sabemos. Mas hoje está bem difícil, as ruas estão bem vazias e os clientes que aparecem, ficam menos tempo que o normal — revelou Luis Felipe, garçom de um dos restaurante do local.
Mas nem só os bares sentiram o efeito do clima de tensão gerado na cidade. Próximo dali, na rua do catete, uma farmácia 24h também fechou as portas fechadas.
Já em Botafogo, chamou atenção a falta de movimento de veículos e pedestres na rua voluntários da pátria, uma das principais do bairro e responsável pela saída de pessoas para outros bairros da zona sul e centro da cidade.
Ponto de efervescencia na noite carioca, a Rua Arnaldo Quintela, em Botafogo, eleita pela revista Time Out a oitava região mais "cool" (legal) do mundo, na edição de 2024, também está vazia nesta terça-feira.
Os campos de pelada do aterro do flamengo, famosos pela alta rotatividade de jogos, também estão com o fluxo impactado.
Muitas pessoas ainda aguardam transporte para voltar para casa, no fim da noite. Jonatan Eduardo trabalha como auxiliar de serviços gerais na Barra da Tijuca e mora no bairro da Penha, na zona norte do Rio. Está há cerca de uma hora esperando o seu ônibus (312) passar pela Central do Brasil, no centro da cidade, mas está com pouca esperança. Caso não consiga um coletivo, tentará ir para bairros mais próximos de casa e depois arriscar um carro de aplicativo.
Jonatan Eduardo trabalha na Barra da Tijuca e mora no bairro da Penha: sem ônibus na Central do Brasil
Walter Farias
— Da Barra até aqui eu vim de metrô e foi relativamente rápido, embora mais cheio que o normal. O problema é que cheguei na Central há pouco mais de uma hora e ainda não vi meu ônibus, que costuma passar rápido todos os dias — disse
Megaoperação
Uma megaoperação das polícias Civil e Militar nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio, deixou quatro policiais mortos além de oito agentes feridos, na manhã desta terça-feira. De acordo com a Polícia Civil, 60 suspeitos foram mortos, dois deles da Bahia. Quatro moradores também foram atingidos. O objetivo da ação é cumprir mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho (CV), 30 deles de fora do Rio, escondidos nos dois conjuntos de favelas, identificados pela investigação como bases do projeto de expansão territorial do CV. Até o fim da tarde, 81 pessoas foram presas e 93 fuzis foram apreendidos na ação, que mobiliza 2,5 mil policiais e também promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ).

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