Comando Vermelho amplia influência na Argentina e movimenta esquema milionário de lavagem de dinheiro; entenda
Dois dias após a operação mais letal do Rio de Janeiro, realizada nos complexos da Penha e do Alemão, o estado ainda identifica os mortos da maior operação policial da história, com mais de 120 suspeitos e quatro agentes mortos, o Comando Vermelho (CV) mostra que seu poder já ultrapassou as fronteiras brasileiras. Na Argentina, o grupo foi o centro de uma investigação que revelou uma rede de lavagem de dinheiro e investimento em ativos de luxo, desmantelada pela chamada Operação Cripto.
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Segundo o jornal argentino La Nácion, o esquema, descoberto em 2023 e julgado neste mês pelo Tribunal Federal nº 7, movimentava valores milionários através de criptomoedas, empresas de fachada e imóveis de alto padrão. Oito envolvidos — entre eles um chinês, uma boliviana e um colombiano — foram condenados a três anos de prisão (com pena suspensa) e multados em US$ 2,46 bilhões, o equivalente a R$ 13 bilhões.
O principal alvo da investigação é o brasileiro Marcelo Clayton Alves de Sousa, conhecido como “El Negro”, apontado como operador financeiro da facção no país vizinho. Ele está foragido desde setembro de 2023. De acordo com o Ministério Público argentino, Alves utilizava carteiras de criptomoedas e empresas fantasmas para movimentar ao menos US$ 5 milhões (R$ 31 milhões) vindos do tráfico no Brasil.
As autoridades apreenderam bens e valores equivalentes a R$ 1,9 milhão, além de uma frota de veículos de luxo — entre eles um BMW 330i, uma Ford Ranger e um Volkswagen Vento.
Diante da ofensiva policial no Rio e do temor de fuga de criminosos, a ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, anunciou “alerta máximo” nas fronteiras com o Brasil. O governo argentino intensificou o controle migratório e reforçou as bases da Polícia Federal e da Gendarmería Nacional nas províncias de Misiones e Corrientes, regiões de travessia terrestre.
Criado em 1979, o Comando Vermelho é hoje a maior facção criminosa do Brasil, com atuação que inclui tráfico internacional, extorsão e homicídios por encomenda. A expansão da organização para países vizinhos preocupa autoridades sul-americanas, que veem a Argentina, o Paraguai e a Bolívia como novas rotas de lavagem e refúgio de líderes do grupo.
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